2005/06/15

E, subitamente, ficara com uma sensação de estranheza. Porque nunca precisara de holofotes para a ver. Não foi a luz do sol devolvida pelas formas que o atraiu. Foi, sim, uma luz intensa, embora muito suave, reflexo de uma outra energia devolvida por um corpo errante, que não deixava adivinhar formas físicas. Apenas o muito que tinha para dar de si, do que lhe habitava os sonhos, sobretudo aqueles que atormentam fora do sono.

Compreendia que as nuvens tinham chegado. Compreendia que o fogo que alimentara aqueles dias quentes provinha de uma lenha seca ao tempo, que se tinha consumido. Sabia que a reacção química destes dois elementos seria sempre tendencialmente galopante, resultando em pouco mais que fumo lançado para o ar. Por isso tinha-se recolhido ao seu território, atento.

Mas que a não visse, não! O que não podia era olhá-la sem a ver.