2006/11/14

Tenho vergonha

De viver num país onde o salário mínimo nacional é inferior a 400 euros, mas onde marcas como a Mercedes e a BMW têm vendas anuais dentro das 10 mais vendidas.
Onde os apartamentos caríssimos em primeira linha frente ao mar são várias vezes revendidos em projecto, enquanto os usados de dois quartos nos concelhos limítrofes das grandes cidades não têm valor comercial.
Onde os empresários saltam para a primeira linha dizendo que os aumentos do tal salário mínimo em percentagens acima da inflação levarão as indústrias à falência. Onde esta última frase até é verdadeira em vários casos, porque as empresas em causa alimentam opulentemente famílias inteiras e numerosas, habituadas a luxos asiáticos que tolheram a modernização e fizeram prevalecer a mão-de-obra barata como alicerce da viabilidade do negócio.
Tenho vergonha, porque não percebo como é que num país dito do primeiro mundo e membro de uma união das mais prósperas do planeta, se aceita com normalidade que um administrador de uma empresa média ganhe facilmente 10 salários mínimos. Sem contar com as outras regalias!
Tenho vergonha de viver num país onde a palavra povo é pejorativa. A grande ambição do português é destacar-se do povo. E querer viver à custa dele!
(Este texto não é político. Sou contra as mudanças repentinas de rumo, mas a favor de um rumo coerente e objectivo. Com correcções de trajectória atempadas e feitas de pés bem assentes no chão)

2 Comments:

At 6:30 da tarde, Blogger pecado original said...

Também não gosto de viver assim... tambem me custa estar na universidade e ter uma miseravel bolsa enquanto pessoas que tem mais posses tem uma bom contabelista que lhe fazem ganhar fortunas; Tambem não gosto de muita coisa neste mundo, principalmente metade dos Portugueses que se queixam, mas nada fazem para mudarem a sua situação.
Tenho pena dos empregados que chegam depois cinco minutos da hora de entrada e meia hora antes da saida já não fazem mais nada.
Mudemos o país sim, mas quando mudarmos a mentalidade deste povo.

Adorei o teu texto e a rebeldia com que o demonstraste.
Enquanto à resposta do teu ultimo comentario, digamos que os homens desaprendem a uma determinada altura porque pensam já ter garantido a sua "arendizagem" não sei se me fiz entender!;)
beijinho

 
At 6:31 da tarde, Blogger pecado original said...

*aprendizagem

 

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