O chocolate

Abriu a porta lentamente. No interior do espaço reinava um silêncio suspeito, destinado a aumentar a tensão induzida pelo convite. O aroma intenso do cacau em fusão atingiu-lhe as glândulas olfactivas, misturado com um leve odor a álcool metílico. Abriu um pouco mais a porta, deu um passo no interior da divisão e fechou-a silenciosamente atrás de si. No ar ecoou a voz suave e sensual de Tony Braxton: “Just come on over here”.

Deteve-se a olhar o ambiente: uma lamparina deixava ver a chama suave sob o fondue, ao lado uma garrafa de espumante bruto repousava entre o gelo, dois flutes a escoltá-la e mais ao lado ainda encontravam-se quatro barcos de casco de abacaxi, com os guerreiros amarelos, cortados em pequenos segmentos de anel largo a escorrer um doce e fresco néctar, dispostos em lados alternados, quais viquingues prontos a navegar em corpos barrados com pintura de guerra castanha e espessa.