O furador
A sempre bem-disposta Robina lançou um desafio à conta de umas fotos que tem publicado. Aproveitando um facto engraçado durante o fim-de-semana passada, onde uma nortada imprevista varreu os lampiões para fora da competição futebolística mais democrática do campeonato, escrevi um texto fora do conteúdo habitual deste espaço (podem lê-lo lá).
Mas como há temas a que não me furto sem uma razão muito forte, lá escrevi umas linhas para agradar a todos os corações, incluindo os arrefecidos pela brisa fresca acima referida.
Segue a seguir.
O furador
E lá vinha mais uma comemoração pessoal imposta pelo calendário dos outros. Bem lutava contra elas, as impostas, mas sabia que, mesmo que se esforçasse no dia-a-dia, quando se conseguia disciplinar para tal, havia sempre um gostinho residual na boca, à força da avalanche televisiva, radiofónica, do escaparate das lojas e da restante máquina de criação de necessidades onde elas não existem, que impunha algo de diferente, por muito parecido que fosse com outros dias não esperados. Felizmente, a mente feminina que não se consegue alhear da hipnose colectiva é a mesma que liga o interruptor logo que percebe um pequeno gesto mais afectivo.
Daí que, enquanto furava um conjunto de folhas para arquivar, se tenha recordado da pergunta mais feminina de todas e tenha arquitectado, perdão, engendrado, que a acção seria muito mais executiva, um plano infalível. Agarrou no lápis, que é como quem diz no rato do computador e desenhou um punção para executar na serralharia. Desenhou uma matriz com a mesma forma e pediu ao seu mais dotado mecânico que a montasse no furador. Foi, então, comprar uma cartolina vermelha, que se entreteve a recortar enquanto sorvia um café em pequenos goles. Abriu o frasco de perfume comprado para o efeito e juntou-lhe todos os pedacinhos recolhidos.
Quando o momento chegou, colocou o embrulho em cima da mesinha de cabeceira e esperou pela pergunta fatal: “Gostas de mim, gostas?”. Sorriu e respondeu “Sim” como habitualmente, matreiro, à espera da pergunta disparada logo de seguida: “Quantos ...”. Desta vez não a deixou terminar a frase. Calou-lhe os lábios com o dedo indicador, pegou no frasquinho ainda embrulhado e respondeu: “Tanto quantos os corações dentro deste frasco”.
Acertou na reacção dela. Só não previu que o perfume se evaporaria antes do final da noite.
Daí que, enquanto furava um conjunto de folhas para arquivar, se tenha recordado da pergunta mais feminina de todas e tenha arquitectado, perdão, engendrado, que a acção seria muito mais executiva, um plano infalível. Agarrou no lápis, que é como quem diz no rato do computador e desenhou um punção para executar na serralharia. Desenhou uma matriz com a mesma forma e pediu ao seu mais dotado mecânico que a montasse no furador. Foi, então, comprar uma cartolina vermelha, que se entreteve a recortar enquanto sorvia um café em pequenos goles. Abriu o frasco de perfume comprado para o efeito e juntou-lhe todos os pedacinhos recolhidos.
Quando o momento chegou, colocou o embrulho em cima da mesinha de cabeceira e esperou pela pergunta fatal: “Gostas de mim, gostas?”. Sorriu e respondeu “Sim” como habitualmente, matreiro, à espera da pergunta disparada logo de seguida: “Quantos ...”. Desta vez não a deixou terminar a frase. Calou-lhe os lábios com o dedo indicador, pegou no frasquinho ainda embrulhado e respondeu: “Tanto quantos os corações dentro deste frasco”.
Acertou na reacção dela. Só não previu que o perfume se evaporaria antes do final da noite.
14 Comments:
Tinhas de pôr o prefácio, tinhas? :-)))))
(Obrigada pela qualidade do teu texto)
pois é...
Mais uma vez acertaste... ;)
Beijo especialmente perfumado
Mas num escrevi nenhum pós-fácio em texto alheio :-)))
(respondi ao comentário do post anterior :-)) )
Luna, há dias de sorte ;)
Beijo de sol quente para ti
E dá-te por satisfeito que até foi bem soft tendo em conta o que merecias :-))))
É, pois..., convidas as pessoas e depois mandas indirectas... :D
Por falar nisso, o jogo ontem, correu-vos bem? Com quem jogaram mesmo? :-))))
Tens lá um jogador bom, mocito novo, o 21. Quando ele crescer 10 números vai marcar muitos golos :-)))))))))
Gostei de quase tudo excepto da observação ao meu benfica...;;;;;;;;;;)
Já agora pequenino, resolve mais do que o outro que de resoluto só tem a alcunha :-)))))
Ainda tem que cortar muito cabelo até fazer uma bicicleta daquelas :-)))))))))
Queres que lhe aconteça o mesmo que ao Sansão, não? Espertinho :-)))))
Eu ia comentar este texto mas depois daquele reparo à nortada imprevista que varreu os meus lampiões ...já num digo nada !
:)
E logo aí em casa, Tozé! Num se faz...
(tou rodeado de lampiões...)
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