2007/01/25

Novo arrepio

«Quero anunciar que, já a partir de 01 de Julho, será de 30 por cento e, partir de 01 de Janeiro de 2008, esta percentagem subirá para 60 por cento. Portugal estará assim na linha da frente dos países que adoptaram a eficiência ambiental como critério decisivo na taxação do automóvel», sustentou.

Esta afirmação é do Senhor Primeiro-Ministro, José Sócrates, proferida ontem durante o debate mensal na Assembleia da República, a propósito da reforma do Imposto Automóvel. Neste, como em todos os outros assuntos da nação, quando ouço os responsáveis pelo destino do país a afirmar “Portugal estará assim na linha da frente” em matéria legislativa fico sempre com os cabelos em pé. Para mim, estas palavras têm apenas um dos seguintes significados: Ou não é matéria para se cumprir ou significa novo ataque aos oficialmente ricos do país – os que descontam mais de 15,5 % de IRS no recibo ao fim do mês, mais coisa menos coisa.

Gosto muito de automóveis, não por afirmação social mas pelas máquinas que são. Não tenho o carro de que gostava porque entendo que o dinheiro tem maior utilidade no conforto do local onde passo a maior parte do meu tempo, na formação da família e nas outras actividades que, para mim, fazem a diferença entre viver e sobreviver. Mas custa-me muito ver um espanhol ou um francês com a mesma formação escolar dentro dum desses automóveis, que custam lá menos do que eu paguei pelo veículo seguro e fiável que escolhi para transportar quem eu mais gosto. Sendo eu um privilegiado da nação, custa-me igualmente ver um espanhol médio transportar a família confortavelmente num veículo que conquistou cinco estrelas nos testes de segurança da EuroNCap, enquanto cá muitos dos colegas dos meus filhos vão para a escola no dois lugares que o pai ou a mãe utiliza para trabalhar, quantas vezes transportado na caixa de carga. É uma questão de mentalidade – eu sempre fui para a escola a pé, chovesse ou fizesse sol – mas não só.

O automóvel já não é um artigo de luxo, é uma necessidade elementar do dia-a-dia. Entendo que a receita que o estado obtém através da venda de automóveis já deveria ter sido distribuída por outras formas, à semelhança dos países mais próximos. Os automóveis novos são mais seguros e muito menos poluentes. Quanto não ganharia o país se o consumo médio dos automóveis diminuísse 0,5 litros por cada cem kilómetros percorridos, algo perfeitamente possível com um parque automóvel actual?
Em vez disso, e quem me dera estar redondamente enganado e vir aqui fazer um acto de contrição no dia 1 de Julho, vamos assistir a mais um aumento do famoso Imposto Automóvel.

4 Comments:

At 3:08 da tarde, Blogger robina said...

E depois diz que não queres trocar de chasso...lê-se nas entrelinhas :-))))

 
At 4:38 da tarde, Blogger Ness Xpress said...

Eu sou coleccionador de maravilhas da indústria automóvel :)))

 
At 8:18 da tarde, Blogger Pseudo said...

Não me parece que o Sr. Café esteja enganado! É por estas e por outras que cá em casa pôs-se a hipótese de ir ali à Alemanha, que é já ao lado! E quem é que fica a perder? Não me parece que sejamos nós, se decidirmos tal.

 
At 3:40 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Eu não entendi assim.
Pareceu-me que esses eram os incentivos aos carros menos poluentes. Ouvi na telejornal e o contexto anterior eram os incentivos aos carros menos poluentes e tinha falado dos 10% que já se tinham dado no ano de 2006.
Penso também que os carros menos poluentes a que se referia era aos de combustiveis alternativos, mistos e outros.

 

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