2007/02/27

Brincadeiras no Bosque


A propósito do 3º aniversário do Bosque, a Robina lançou mais um desafio suportado naquelas fotos às quais só ela sabe reconhecer um enorme potencial de escrita. Sendo assim, cá vai uma brincadeira no Bosque.



Brincadeiras no bosque


Tinha-lhe dito que era perigoso. Ela sabia o quanto ele gostava de passear pelo bosque, a pé, em duas rodas ou mesmo mais, muito embora esta opção contrariasse o espírito ecológico da jornada. Por essa razão davam juntos e de mão dada longos passeios pedestres por entre as frondosas árvores, quantas vezes se ocultando atrás de densos arbustos para melhor contemplar tudo o que de bom a natureza oferece, quer um fresco cogumelo, quer um escaldante pepino, aquecido por um raio de sol emergindo da folhagem.

Mas tinha aquela mania da velocidade, montando furiosamente o veículo não poluente de passageiro único, máquina com a qual ela convivia mal, pois as mulheres não gostam da partilha do prazer, nem que seja com engenhos frios e mudos.

Preparou-lhe então uma surpresa, consciente que era do efeito inebriante que o inesperado, o bom inesperado, operava nele. Estudou o percurso, encontrou o local perfeito e deixou-se ficar à sua espera, preparando a bela roupagem para o momento. Desconhecedora das armadilhas do bosque, não deu conta da lage polida à sua frente. Ouviu um ramo partir-se sob as rodas, no caminho acima de si, e chegou-se à frente. Quando o viu deixou cair o vestido, num gesto rápido e belo. Ele olhou aquela maravilhosa nudez, perdendo num ápice a noção da condução, apertou com força os travões hidráulicos no fatídico momento em que a roda da frente entrava na lage xistosa, coberta por uma fina película de musgo invisível, tão deslizante quanto gelo. A bicicleta inclinou-se vertiginosamente sobre a direita, ele saiu inevitavelmente para a esquerda e ainda olhava para os seus magníficos seios quando a mão esquerda atingiu o solo, de braço esticado e sentiu o estalido denunciador da falta de atenção e da punição pelo pecado.

Tão envergonhada quanto aflita, precipitou-se para ele compondo, como podia, as vestes caídas.

“Querida, durante o próximo mês só poderei escrever com a mão direita”.

6 Comments:

At 1:42 da tarde, Blogger robina said...

Essa coisa de no próximo mês só poderes escrever com a mão direita é que me está a preocupar :-))))


Beijo grande e obrigada pelo teu talento

 
At 5:07 da tarde, Blogger Ness Xpress said...

O bosque às vezes é muito traiçoeiro ;)

Um mês passa depressa e para quem anda à procura das letras no teclado, ter uma mão disponível ou as duas é quase a mesma coisa :-)

Beijo grande para ti também

 
At 5:49 da tarde, Blogger robina said...

Por acaso, nem pensei no teclado :-))))

 
At 11:14 da tarde, Blogger Maria Arvore said...

Azarito! ;)
Mas certamente, se não fôr indiferente uma mão ou outra, ela dará uma mãozinha. ;)

E crês mesmo que as mulheres são egoístas ou foi só uma alfinetada atirada para o bosque?... ;)

 
At 9:28 da manhã, Blogger Unknown said...

Tu tinhas de arranjar maneira de ver as maminhas da menina ;) ou isso ou de ter um motivo para que te dêem uma ajuda no banho (é qu'isto de pedir custa muito mais para certos nativos)

É caso para perguntar: precisas de uma mãozinha?!

Beijos

(será para o banho ou será para passar o hidratante na pele...?) ;)

 
At 9:46 da manhã, Blogger Ness Xpress said...

Maria, as mulheres, em termos afectivos, são definitivamente egoístas. Agora, nem todas o são de forma maldosa. E a bem dizer, é bom que sejam boas egoístas (e agora que penso nisso, se ainda por cima forem egoístas boas.......)

Luna, comigo não há "ou" ;)

 

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