2007/04/11

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Agonizava. Contorcia-se com dores, não conseguia estar deitado, levantava-se, a cabeça começava em rodopios. Já não se sentia assim desde aquela noite em que começou na cerveja e acabou no conhaque. Quantos anos tinham passado? Queria lá saber, só pensava que, dessa vez, ainda tinha sentido o efeito tão breve quanto alucinante do álcool, a meia janela da 4 L fiel companheira totalmente aberta, a aspirar o ar fresco da madrugada. Ai se a brigada estivesse por perto... Agora nem uma gotinha de etileno tinha cheirado, como era possível encontrar-se neste estado!

Até queria ir à farmácia, mas a única forma de descer a escadaria seria de gatas, posição pouco digna para quem se gaba de nadar mais de 1000 metros em 45 minutos, apesar de os putos “teen” nadarem o dobro. Lembra-se bem, agora, de ter gozado com o homenzinho da fila do teatro que tem de a abandonar por motivo inadiável. O raio do spot passa sempre à hora das refeições, sendo a palavra-chave que promove o medicamento repetida até à exaustão entre uma batata frita e o naco de bife com a gema por cima, arruinando o momento preciso em que os dez segundos de prazer do líquido sobre a carne se fazem sentir. Nesta altura, depois de já ter provado a famosa teoria alentejano de que há algo mais rápido que a luz, ou seja, antes de ligar o interruptor já nada havia a fazer, daria tudo, mesmo tudo, até porque naquele estado ninguém o quereria, para ter o famoso comprimido.

No fundo, ninguém o manda gostar de ver a publicidade na televisão. E ninguém o manda ser cientista, para provar antes de poder criticar. Já há muito conhecia a história do inventor do LSD, que quis provar saber voar depois de comprovar a validade da descoberta. Que gostasse de sardinhas assadas, até é meritório, além de ser um alimento saudável ainda é pescado por nacionais, nem que seja em barcos dos vizinhos. E fazer a brasa até tem piada, excepto o cheiro a fumo, mas isso remedeia-se e até pode ser um bom pretexto para ter companhia no duche. Agora juntar à bela sardinha o néctar imperial que tornou a barriga do São Nicolau naquilo que ela é, é que só podia dar este resultado!

8 Comments:

At 11:53 da manhã, Blogger psique said...

coitadinho;)

 
At 12:48 da tarde, Blogger Ness Xpress said...

É parvo. Toda a gente sabe que a sardinha se acompanha com um branco bem fresco :)

 
At 9:47 da manhã, Blogger robina said...

Também já me aconteceu, as sardinhas caem-me sempre muito mal :-)))

 
At 10:56 da manhã, Blogger Ness Xpress said...

Isso é porque não gostas do Alvarinho ;)

 
At 2:29 da tarde, Blogger robina said...

Nada contra o pobre homem :-))))

 
At 5:17 da tarde, Anonymous Anónimo said...

A minha avó comia uma colher de açucar, dizia ela que assim não as sentia.

 
At 6:29 da tarde, Blogger Ness Xpress said...

Marta, obrigado pelo remédio caseiro. Mas eu estou bem, só me recordei de um caso passado há anos com um colega, precisamente com esta mistura "explosiva". Não percebo onde é que os comerciais do importador querem chegar. Quem come sardinhas não bebe o remédio das bichas e quem gosta do remédio não gosta de sardinhas. Parece-me...

 
At 8:21 da tarde, Blogger Maria Arvore said...

Como não vi o anúncio, apenas digo que sardinhas acompanham com tinto. É a combinação recomendada por qualquer médico para ajudar o colestrol bom.

Mas vou anotar a tua receita pós-brasas. ;)Isso sim são muitos anos a assar sardinhas. ;)

 

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