O senhor do carimbo
O processo era longo e envolvia muitas assinaturas. Os regulamentos não prometiam grande agilidade no cumprimento do objectivo final, mas a experiência dos intervenientes e o sentimento geral da necessidade do uso do bom senso em prol do bem comum deixavam ver um ténue raio de sol para lá de tanta escuridão.
Chegou a hora da subida ao cume mais alto e afadigaram-se em demonstrações e explicações, afinal pairava no ar o estigma de que o árbitro era rigoroso. O juiz olhou, perguntou, comparou com a papelada que tinha na mão e sancionou o golo, tendo acedido a comunicar o resultado final por telefone ao senhor do carimbo para que este não tivesse que esperar pelo relatório do jogo, mera confirmação do resultado final.
Foi então que aconteceu o inesperado. Confrontado com a comunicação da entidade superior, o senhor do carimbo decidiu pedir o papel amarelo. A equipa que tanto tinha trabalhado até então estremeceu, mas não esmoreceu. Deu mais uma corrida e entregou o papel amarelo. Passou, então, a faltar o papel castanho. Mas ninguém conhecia o papel castanho. Que era novo nos regulamentos, respondeu o senhor. Mas não tinha sido pedido quando da consulta às condições. Mas que agora passara a ser necessário. Nova corrida, mobilização de meios quase sobre-humanos e já cá canta o papel! Mas agora está na hora de picar o cartão. Além disso, há o expediente normal e muitos papéis mais antigos para carimbar. Mas está tudo pronto para começar a trabalhar. Estas coisas têm o seu tempo e eu não faço milagres.
Provavelmente falta ainda o papel que não vem descrito nos regulamentos. Chamam-lhe verde do outro lado do Atlântico. Ou então faltam tacões debaixo dos sapatos. Tudo isto enquanto os nossos vizinhos continuam a corrida, quantas vezes com tempos por volta inferiores, mas sempre com paragens menos prolongadas nas boxes.
Chegou a hora da subida ao cume mais alto e afadigaram-se em demonstrações e explicações, afinal pairava no ar o estigma de que o árbitro era rigoroso. O juiz olhou, perguntou, comparou com a papelada que tinha na mão e sancionou o golo, tendo acedido a comunicar o resultado final por telefone ao senhor do carimbo para que este não tivesse que esperar pelo relatório do jogo, mera confirmação do resultado final.
Foi então que aconteceu o inesperado. Confrontado com a comunicação da entidade superior, o senhor do carimbo decidiu pedir o papel amarelo. A equipa que tanto tinha trabalhado até então estremeceu, mas não esmoreceu. Deu mais uma corrida e entregou o papel amarelo. Passou, então, a faltar o papel castanho. Mas ninguém conhecia o papel castanho. Que era novo nos regulamentos, respondeu o senhor. Mas não tinha sido pedido quando da consulta às condições. Mas que agora passara a ser necessário. Nova corrida, mobilização de meios quase sobre-humanos e já cá canta o papel! Mas agora está na hora de picar o cartão. Além disso, há o expediente normal e muitos papéis mais antigos para carimbar. Mas está tudo pronto para começar a trabalhar. Estas coisas têm o seu tempo e eu não faço milagres.
Provavelmente falta ainda o papel que não vem descrito nos regulamentos. Chamam-lhe verde do outro lado do Atlântico. Ou então faltam tacões debaixo dos sapatos. Tudo isto enquanto os nossos vizinhos continuam a corrida, quantas vezes com tempos por volta inferiores, mas sempre com paragens menos prolongadas nas boxes.
4 Comments:
A inspiração chegou-te ontem à noite?...
Se ficaste a pensar em carimbos de secretaria devo dizer-te que está redondamente enganada :P
Estás a descrever a organização duma passeata a duas rodas?
Duas?!!! Sabes que quanto mais importante se é, maiores são as rodas. E nós somos um país de gente que gosta de ter muitas e grandes rodas. E, de preferência, sem ter que trabalhar muito para elas.
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