2009/03/19

Algo nem tão diferente assim

Indesmentível a atracção pelo desconhecido. Agradou-lhe a proposta, era um local onde não se conseguia orientar, apesar da grandiosidade, da concentação de actividade. A forma como o tinha evitado, involuntariamente em parte, noutra por negação regionalista subliminar, a roçar o maníaco, tinha-o já cansado. Estava na altura, até por antecedente familiar, nunca se tinha negado ao papel de legítimo herdeiro espiritual, cuja sucessão acontecera muito antes do que sempre pensara.

Entranhada desde cedo a companhia de si próprio, com quem se dava bem, pensava até então, passou a estranhar a ausência da rotina em aceleração constante ao longo dos anos.

Satisfeita a curiosidade, começou a sentir o sabor incómodo das noites subitamente silenciosas. Mesmo que no meio da multidão.

2009/03/16

Faz-me uma proposta indecente!

Vamos tomar o pequeno-almoço a Barcelona?

2009/03/12

Pensamento eminentemente masculino

O trabalho também é uma forma de masturbação.

E quantas vezes não o é por falta de alternativa de elevada qualidade.

2009/03/04

Epílogo ainda menos surrealista

Mergulhou a cabeça debaixo da torneira. “Ou não aprendem, ou são tão sabidas que vêm cá porque sabem o que as espera”, o seu pensamento continuava a vaguear palos momentos que tinha passado. “Mal lhe passei as pernas para cima dos meus ombros, sentado na cagadeira, começou a arfar como uma louca. Meti-lhe a língua dentro e começou logo aos saltos, as costas a bater contra a parede. A ajuda do indicador foi só para que revirasse logo os olhos. Mas não ficou atrás, depois de recuperar quase que mo tragava até ao esófago! Nunca estive tão perto do famoso título do filme!”


Tinha sido o primeiro assalto. Beberam mais um whisky cada um, a inglesa fê-lo sentar-se num sofá baixo na zona mais escura e sentou-se de perna abertas no colo dele, frente-a-frente. Agarrou-lhe na mão e saíram para o carro dele, enquanto Julia lançava a mão à ruiva, depois de um olhar desesperado desta para não ficar só. A banheira que usava como transporte de trabalho era ideal para brincadeiras no banco de trás, para onde entraram os três. Percebendo a intenção, Carlos testou as mamas de Allison enquanto voltava a sentir Julia completamente encharcada. “Come on, put this on”, disse-lhe, estendendo-lhe o latex. Era já Allison quem o ajudava a baixar as calças e, com perícia, estendia o preservativo, não sem antes avaliar com a língua a textura do que ajudara a libertar do aperto desconfortável. Julia não estava disposta a perder a iniciativa e saltou para cima dele, afundando-se com avidez e mexendo-se descontroladamente. Carlos lambia os mamilos que a ruiva lhe oferecia e recebeu-a assim que a morena lhe libertou o espaço. Excitada pelos suspiros de Julia, não tardou que se contorcesse por sua vez, mesmo a tempo de se recomporem para a interpelação previsível com os uniformes que saiam do carro de luzes azuis, que certamente os observava ao longe. Carlos não estava em condições de conduzir, pelo que agarrou no telefone e chamou um táxi. Foram para o hotel onde se hospedavam as estrangeiras, local de onde saiu passadas duas horas, exausto, com mais meia garrafa de água das pedras da Escócia no estômago e de novo conduzido para o seu hotel.


Na manhã seguinte, dois cafés e um banho de água tépida depois de acordar, utilizou com sucesso toda a sua capacidade de impressionar com recurso a dados técnicos de projectos passados, camuflando o pouco conhecimento do projecto que apresentava.


“Tenho que me deixar desta merda”, pensava a caminho de Albufeira.

2009/03/03

Levemente surreal (II)

Foda-se lá as gajas no Algarve, não sabem outra, disse para si. E acrescentou para dentro do balcão: “I'll have the same as the lady. She's the expert”. Nesse instante, com voz melodiosa e serena, ela corrigiu o pedido: “On second thoughts, I'd rather have a screw driver”. Carlos sorriu e deu um passo em frente, afinal estava em trabalho e quanto mais depressa levasse uma nega mais tempo tinha para descansar para o dia seguinte. “If you tell me your name I'll drive us into a pleasent music place”. “We can find a professional driver, thank you very much”. Ele não desarmou, “So let's drink to professional drivers”, disse, erguendo o copo acabado de chegar. A morena sorriu e respondeu “I'm Julia”.


Acabou por enfiar ambas no carro e levá-las para uma discoteca com zonas interiores e ao ar livre. Enquanto dançava com ambas deu-se uma situação em que a morena se virou de costas, aproveitando ele para lhe segurar, ao ritmo da música, de mãos bem abertas, a zona firme das ancas. Era a reacção que ela esperava, confirmada pela mãos que lhe rodearam o pescoço e a nuca, enquanto premia com mais força o seu rabo contra o baixo ventre dele. Ele respondeu com o instinto, já tinha bebido o suficiente para se libertar do frio natural, mas não tanto que não lhe permitisse gozar toda a intensidade do momento. As mãos subiram naturalmente das ancas em direcção às mamas da inglesa, fez um ligeiro compasso de espera para perceber a reacção dela e, em resposta ao intesificar da roçadela, apalpou-lhe os montes firmes e já enrijecidos. Ela voltou-se e apertou-lhe o fundo das calças, enquanto afundava a língua dentro da boca de Carlos. Ele respondeu com as mãos por baixo da saia curta, e ela fez-lhe uma proposta irrecusável: “Meet me in the girl's loo”.


Deu o tempo que achou necessário para que chegasse a vez dela naqueles locais sempre tão concorridos, respirou fundo e irrompeu pela casa-de-banho das senhoras dentro. O gritinho solto por uma rapariga loura platinada com ar de mosca mal-morta fez com que Julia percebesse que tinha chegado e foi o sinal para lhe abrir a porta. Mal se fechou, desabou sobre ele enfiando-lhe uma mão dentro das calças e a outra entre os cabelos. Ele começou a falar-lhe em português, traduzindo, à sua maneira, para inglês: ” Eu sabia o que tu querias, minha putinha empertigada. Do you like the portuguese, love? Eu vou comer-te como tu mereces, vais fazer coro com a música. Do you want to scream louder than the quire, princess?” Ela não se deixava intimidar. “As if you could do it!”.