2006/10/31

Regresso triunfal

O das calças de ganga, outrora conhecidas por “blue jeans”. É que não pode um homem deambular descansadamente por uma grande superfície comercial sem que seja bombardeado pelos muitos e magníficos cortes que conformam – e de que maneira! – as curvas posteriores de tantos e tão belos modelos não profissionais.

Não há magra que vista mal nem roliça que não faça suster, disfarçadamente, que os anos da exuberância já lá vão, a respiração a este apreciador das linhas suaves e contornos equilibrados das formosas mulheres lusitanas.

O desafio, cada vez mais exigente, é tentar adivinhar, pela conformação dos bolsos maiores, a idade física de cada uma das modelos. Porque a vida está cada vez mais difícil para as adolescentes deste país: com mães tão elegantes, experientes e bem apresentadas, para quem é que os rapazes potenciais namorados das jovens irão olhar com maior interesse?

O melhor, pelo sim, pelo não, é ir aproveitando bem a consumidora de “blue jeans” lá de casa. Antes que a filha dela seja adolescente.

2006/10/26

Quer ser um dos meus?

Meu caro senhor, só de o imaginar fico com pele de galinha.

2006/10/24

Schumacher


Em tempos idos fui um maluquinho da fórmula 1. Como tantos outros, isto é tudo uma questão de modas e nesses dias era uma das coisas que estavam a dar. Não ia aos grandes prémios, mesmo nos anos do Estoril a festa ficava cara, pelo que só em 1993 reuni as condições necessárias para realizar o sonho. Creio ter sido a melhor corrida do Pedro Lamy, apesar da desistência, pelo que acabou por ser uma estreia feliz, a minha como espectador.

Mas desde os 15 anos que lia semanalmente o jornal dos automóveis, de ponta a ponta, todas as modalidades, sendo que a minha preferida era, e continua a ser, o rali. Aos ralis ia com alguma frequência, sobretudo ao rali de Portugal, ainda nos tempos dos 5 dias de prova e em que a classificativa de Arganil tinha 50 km.

Tudo isto para falar de Schumacher, que abandonou a fórmula 1 no passado domingo após a mais brilhante carreira até ao momento na modalidade. Como piloto sempre o admirei. Não concordo com a forma como resolveu algumas das corridas, nem sempre foi leal para com os seus adversários. Mas essa é uma das minhas limitações, o não conseguir esticar a corda até ao ponto em que está prestes a partia. Quando não parte, permite chegar onde poucos conseguiram. Schumacher é dos que sabem ser arrogantes, ou porque têm alguma particularidade física pouco comum, ou simplesmente porque alcançaram a sorte que procuraram.

Tenho para mim que é um sobredotado, quando conduz, o automóvel passa a ser uma extensão do seu corpo, de tal forma que dá a impressão que as suas ramificações nervosas se estendem até aos pneus, ao motor, à caixa de velocidades. Levou a Ferrari de volta às vitórias, após um longo calvário desde Jody Scheckter, em 1979, o que revela as suas extraordinárias capacidades. Sendo Jean Todt outro dos campeões do desporto automóvel, não creio que transformasse a Ferrari no que é actualmente sem o contributo de Schumacher. E mais difícil seria se ele estivesse noutra equipa.

Mais do que a sua rapidez, a inteligência e rapidez de raciocínio que sempre demonstrou foi a grande arma para os sucessos alcançados. Basta recordar a forma desconcertante como trocava de pneus nas corridas em que a pista alternava entre piso seco e piso molhado e a forma como os aproveitava nas voltas rapidíssimas que dava quando alguém que seguia à sua frente entrava nas boxes e ele sabia que tinha de entrar a seguir com vantagem suficiente para regressar à corrida na frente.

Aos 37 anos sai na altura certa, deixando a impressão de que poderia aumentar os 7 títulos de campeão do mundo conquistados, tal a facilidade com que realizou voltas mais rápidas na corrida de domingo passado.

2006/10/23

No trombil



Soprava forte. Quase violentamente, tanto que a bicicleta teimava em não rolar a direito, de vez em quando guinava repentinamente para a esquerda, lembrando que qualquer arremedo de inconsciente alívio da pressão nas manetes dos travões poderia acabar mal.

Não era um vento gélido, mas a sua força e o travo fresco dos pingos de chuva que se lhe juntavam transmitiam a serenidade que procuro nestas manhãs retemperantes de domingo.

(Se é verdade que a lama rejuvenesce a pele, a minha, hoje, deve estar macia como a de um bebé).


Foto daqui.

2006/10/11

Outono (auto-retrato)



Contraste de cores suaves

Frio no exterior, calor dentro de casa

Roupa quente, calçado possante

Vento fresco no cimo do monte

Humidade morna nos vales abrigados

Praias belas, desertas

Mar de espuma no ar

Castanhas, vinho tinto encorpado

Língua solta, noites longas

Fantasia, conversa de olhos brilhantes

Prazeres (dos) sentidos



(Foto José Branco, Olhares.com)