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“Mas eu sou mulher e uma mulher nunca diz o que quer. Livra-te de não fazeres aquilo que eu estou à espera que faças.”
A bem dizer não consigo decidir qual das afirmações é mais preocupante. É claro que um homem minimamente conhecedor do universo feminino – até ia ali escrever maravilhoso, mas depois podiam pensar que estava a tentar dar graxa às meninas e eu não me quero meter em confusões, além de que a dar alguma coisa viscosa sempre prefiro o óleo de amêndoas doces – pois um homem daqueles sabe que ambas as frases são verdadeiras. O que acontece é que, por um lado, nem sempre acerta no que a senhora quer e por outro nem sempre está disposto a fazer-lhe a vontade.
Mas vamos por partes. É certo que uma parte muito importante do encanto das mulheres está no facto de se revelarem misteriosas. Por essa mesma razão, entre um homem e uma mulher que se conhecem bem não há necessidade de falarem. E é aqui que a coisa começa a resvalar. Então, se basta um simples olhar delas para nos dizer que estamos a comportar-nos como o filho da mamã em vez de ser o marido atento e protector e mesmo um bocadinho submisso com elas, não com quem nos educou com base na submissão maternal, como as nossas próprias mulheres educam os seus e nossos filhos, por que raios querem que nós passemos a vida a dizer-lhes por palavras faladas que estão bonitas, que são o amor da nossa vida, que o bacalhau com natas está excelente? Não basta repetir três vezes para saberem que está bom?
Mas bem que, de vez em quando, podiam dizer o que querem. Vá lá a ver, pode ser no restaurante, queres carne ou peixe, nem que atires a moeda ao ar, mas não podias ser tu a atirá-la? Depois há aquela coisa da malta nova, é que a gente tem que levar no coiro muitas vezes para saber como aquelas mentes brilhantes, e até um bocadinho diabólicas, por vezes, tem alturas que é muitas vezes, funcionam. E depois as meninas têm que entender que os homens são naturalmente limitados, a nossa mente foi treinada para correr muito e atirar a lança ao búfalo, ou bisonte, ou lá como se chamava o animal no princípio dos tempos. São coisas simples. Ah, e assegurar a manutenção da espécie. Por essa razão há que orientar os rapazes, dizer-lhes de vez em quando como devem proceder, sob pena de resultar em chapa amolgada ou guarda-fatos vazios, que o impulso de espetar a lança mantém-se, embora a presa tenha mudado de forma.
(A frase é do filme “Sliding doors”, de Peter Howitt (1998), com a deliciosamente misteriosa Gwyneth Paltrow).
A bem dizer não consigo decidir qual das afirmações é mais preocupante. É claro que um homem minimamente conhecedor do universo feminino – até ia ali escrever maravilhoso, mas depois podiam pensar que estava a tentar dar graxa às meninas e eu não me quero meter em confusões, além de que a dar alguma coisa viscosa sempre prefiro o óleo de amêndoas doces – pois um homem daqueles sabe que ambas as frases são verdadeiras. O que acontece é que, por um lado, nem sempre acerta no que a senhora quer e por outro nem sempre está disposto a fazer-lhe a vontade.
Mas vamos por partes. É certo que uma parte muito importante do encanto das mulheres está no facto de se revelarem misteriosas. Por essa mesma razão, entre um homem e uma mulher que se conhecem bem não há necessidade de falarem. E é aqui que a coisa começa a resvalar. Então, se basta um simples olhar delas para nos dizer que estamos a comportar-nos como o filho da mamã em vez de ser o marido atento e protector e mesmo um bocadinho submisso com elas, não com quem nos educou com base na submissão maternal, como as nossas próprias mulheres educam os seus e nossos filhos, por que raios querem que nós passemos a vida a dizer-lhes por palavras faladas que estão bonitas, que são o amor da nossa vida, que o bacalhau com natas está excelente? Não basta repetir três vezes para saberem que está bom?
Mas bem que, de vez em quando, podiam dizer o que querem. Vá lá a ver, pode ser no restaurante, queres carne ou peixe, nem que atires a moeda ao ar, mas não podias ser tu a atirá-la? Depois há aquela coisa da malta nova, é que a gente tem que levar no coiro muitas vezes para saber como aquelas mentes brilhantes, e até um bocadinho diabólicas, por vezes, tem alturas que é muitas vezes, funcionam. E depois as meninas têm que entender que os homens são naturalmente limitados, a nossa mente foi treinada para correr muito e atirar a lança ao búfalo, ou bisonte, ou lá como se chamava o animal no princípio dos tempos. São coisas simples. Ah, e assegurar a manutenção da espécie. Por essa razão há que orientar os rapazes, dizer-lhes de vez em quando como devem proceder, sob pena de resultar em chapa amolgada ou guarda-fatos vazios, que o impulso de espetar a lança mantém-se, embora a presa tenha mudado de forma.
(A frase é do filme “Sliding doors”, de Peter Howitt (1998), com a deliciosamente misteriosa Gwyneth Paltrow).